segunda-feira, 25 de abril de 2011

ALGAS: combustível, alimento e plástico

IlustrAlgasEnergia TERRAMÉRICA   Algas: combustível, alimento e plástico
Trinidad, Califórnia, Estados Unidos, 25 de abril de 2011 (Terramérica).-
Enquanto os combustíveis tradicionais projetam cada vez mais consequências indesejáveis, as algas, essa sujeira dos reservatórios, oferecem uma alternativa simples, de curto prazo e com muito pouco dos custos escondidos de fontes de energia mais complexas.  A primeira e mais simples forma de vida, as algas, promete se converter em um recurso fundamental para o futuro do planeta como base de um biodiesel de grande qualidade que – ao contrário do milho – não desvia alimentos dos humanos.
E não são apenas combustíveis. São alimento animal e humano – pensemos na proteica e vitamínica spirulina – e o componente essencial de uma ampla gama de plásticos biodegradáveis para substituir os produzidos a partir do petróleo. As algas fazem tudo isso enquanto crescem absorvendo prodigiosas quantidades de dióxido de carbono, o gás-estufa que mais precisamos reduzir na atmosfera para frear a mudança climática.
No momento não são uma prioridade na pesquisa e no desenvolvimento dos países nem das grandes empresas, mas estão ganhando força no setor privado e acadêmico, na medida em que se revela seu potencial. Já há gigantes da energia pesquisando sobre elas como subprodutos do desenvolvimento do chamado “carvão limpo”, já que absorvem o dióxido de carbono gerado pela queima desse mineral. E o carvão não é mais do que algas de 500 milhões de anos de idade.
Então, por que não deixar de buscar carvão escavando montanhas e dedicar-se, por outro lado, a cultivar algas de rápido crescimento e grande adsorção de dióxido de carbono? Não é um sonho distante. Um fator que coloca as algas acima de quase todas as opções energéticas, convencionais ou alternativas, é sua simplicidade, onipresença e disponibilidade. Os pesquisadores afirmam que, embora existam obstáculos técnicos para uma produção em grande escala de baixo custo em vários de seus usos, nenhum parece intransponível.
Graças à sua capacidade de rápido crescimento, as algas em cultivo não exigem controle rígido. Seu florescimento é natural, e pode ser induzido com a contaminação química e agrícola. A eutrofização asfixia rios e riachos e afeta a vida aquática e marinha, pois bloqueia o fluxo de oxigênio, um processo conhecido como hipoxia. É um problema grave, que deve ser considerado nos cultivos de algas em espaço aberto, em lugar de ambientes controlados como os biodigestores, onde se produz biodiesel. Ao contrário de uma reação nuclear em cadeia, mesmo se a proliferação de algas se tornar excessiva, suas consequências sequer se aproximariam da gravidade de uma fusão atômica.
Em uma visita ao ENN Group, firma chinesa de energia que fica a uma hora de carro de Pequim, este correspondente percorreu um laboratório onde os cientistas desenvolvem microalgas para uma variedade de usos, como parte de um projeto de risco compartilhado entre o ENN e a Duke Energy, uma das maiores prestadoras de serviços públicos dos Estados Unidos.
Em uma ensolarada estufa com paredes cobertas por tubulações de vidro pelas quais circula um lodo verde, o chefe da equipe de algas da ENN, Liu Minsung, apontou para uma fileira de tubos transparentes contendo substâncias de diferentes cores e consistências e levantou uma por uma. “Esta é uma microalga em forma pura. Experimentamos com diferentes formas de microalgas e criando novas variedades para desenvolver aquelas que mais facilmente se adaptam aos nossos propósitos”, explicou.
Então, Liu levantou outro tubo. “Isto é óleo vegetal, muito puro, sem sabor, muito bom para você.” O deixou e pegou outro. “Isto é alimento animal, muito nutritivo”, disse. “Isto é biodiesel. Pode-se usar como combustível de veículos automotores, barcos e jatos”, prosseguiu. As “óleo-algas”, como as chamam alguns, são refinadas em um processo muito barato e já estabelecido.
Liu continuou. “E estas são a base dos bioplásicos. Poderiam substituir todos os plásticos que hoje obtemos do petróleo”, disse. E são biodegradáveis. Quantos anos são necessários para que tudo isto seja viável comercialmente?, perguntei. Pensou um momento, como se consultasse sua agenda. “Consulte-nos no próximo ano”, respondeu.
De fato, em 2012 a Marinha de guerra dos Estados Unidos lançará o que chama Grupo de Combate Verde, uma flotilha de barcos que funcionarão com uma mistura chamada diesel hidroprocessado renovável: metade algas e metade combustível naval destilado Otan F-76. Para 2016, a Marinha prevê lançar a Grande Frota Verde, um grupo de combate de porta-aviões formado por navios híbridos elétricos, aviões movidos a biocombustíveis, inclusive algas, e – já não tão verdes – navios nucleares.
As algas constituem um círculo completo de inovação porque servem a vários usos simultâneos, seguindo uma dinâmica mais bio-lógica do que tecno-lógica. As soluções técnicas se tornaram complexas e caras que, como ocorre com os telefones inteligentes, uma série de aplicações não essenciais acaba esgotando a capacidade básica. Como toda “solução”, as algas têm indubitavelmente lados obscuros que devemos descobrir. Contudo, o maior risco, como o do automóvel elétrico, é não desenvolvê-las.
Você pode criar suas próprias algas, já que crescem por todo lado, menos no Ártico. Se a ciência se dedicar não apenas à grande escala, mas à pequena, as comunidades locais poderão cultivar suas próprias fazendas municipais de algas e obter novas fontes de renda e combustível para suas máquinas e seus motores. A vida na Terra começou com as algas. Elas poderão nos ajudar a resgatar nosso dilema energético?
* Mark Sommer é jornalista norte-americano e dirige o premiado programa de rádio A World of Possibilities (www.aworldofpossibilities.org). Direitos Reservados IPS.
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quinta-feira, 21 de abril de 2011

Nós e o Planeta Terra

O que nos diferencia dos outros seres da natureza não é a inteligência ou a capacidade de ter emoções, de sentir prazer, dor, medo, de nos comunicar ou criar ferramentas, pois isso várias espécies também fazem em diferentes graus de eficiência. O que nos torna únicos é a consciência de nossa individualidade e, entre as conseqüências disso, está o sentimento de separação do mundo, dos outros, da natureza, pois se somos nós não podemos ser o outro.
Ter consciência nos fez também ter subjectividade, um mundo interior, onde construímos e reconstruímos nossa visão de mundo, do outro, de nós próprios. Assim, embora a realidade seja igual para todos, a maneira de perceber, de encarar e interpretar a realidade muda de pessoa para pessoa.
Isso nos obrigou a estabelecer parâmetros do que é aceitável ou não pela sociedade, pois apesar de separados dos outros e das coisas, enquanto seres sociais estamos ligados uns aos outros e tão dependentes quanto todos da natureza. E natureza, aqui, não significa uma visão idealizada de um ser com propósito e intencionalidade, mas o resultado de milhares de anos de evolução sob determinadas condições de clima e calor, distanciamento do sol, inclinação do eixo da Terra, etc. Revela-se então uma outra característica humana que é a tendência de encontrar significado para as questões que não consegue compreender, como se fôssemos incapazes de viver num mundo que não faca sentido. Os gregos antigos, por exemplo, deram à natureza o status de deusa, à qual atribuíram o nome Gaia.
A consciência também nos tornou livres para escolher o que achamos ser melhor para nós, para o mundo, e o livre arbítrio trouxe consigo culpas e responsabilidades, angústias existenciais sobre qual o melhor caminho a tomar. Ao nos vermos livres da natureza, não mais tendo de obedecer aos instintos e compreendendo cientificamente os seus fenómenos, criamos a ilusão de sermos superiores às demais espécies e à própria natureza. 
Na tarefa de nos tornar humanos, tivemos e ainda temos de enfrentar a natureza, que age e influencia em nossas escolhas através dos instintos - tão activos em nós quanto em todas as demais espécies, determinando quando temos de lutar ou fugir, comer e parar de comer, por exemplo, e ainda assim, podemos escolher nos manter em situação de estreasse sem tentar fugir e comer sem fome. Este enfrentamento resultou no afastamento maior ainda da natureza. Seguir aos instintos passou a ser um atributo dos animais, algo pouco refinado, embrutecido, motivo de vergonha para os humanos.
 Criamos a ilusão de sermos os donos da natureza e dividimos o planeta em territórios, e loteamos cada espaço útil, explorando sem culpas, a ponto de já termos passado do ponto de regeneração natural de diversos ecossistemas. As demais espécies foram destituídas de seus direitos, condicionadas à sua utilidade para nós. Se não for útil, então não tem razão de existir.
 Em nossa idealização do mundo, nos demos o papel transcendental atribuído aos deuses, pois se somos superiores à natureza, tínhamos de encontrar um significado para nós fora da natureza.
 Quando confrontados com as evidências de nossos actos, alguns de nós preferem buscar desculpas para continuar agindo da mesma forma. Para alguns, a ideia de que a natureza possa sofrer um colapso parece um exagero, pois nada do que façamos irá destruir a natureza, embora possamos nos destruir facilmente. Para outros, a Ciência irá nos salvar descobrindo coisas, inventando novas tecnologias que serão capazes de reciclar nossos restos e descobrir novas fontes de recursos. Outros acham inútil lutar, pois o fim está próximo, conforme revelado em algum texto sagrado e, naturalmente, apenas os que acreditarem nisso serão salvos.
Nossa separação da natureza não aconteceu apenas do ponto de vista psicológico, ético, moral ou espiritual, mas também do ponto de vista físico. Reconstruímos o meio ambiente para adaptá-lo às nossas necessidades onde antes existiam ecossistemas. Construímos cidades às vezes confortáveis, bonitas, às vezes não, de concreto, aço e asfalto e com muita rapidez esquecemos que apesar de muito importantes não são as cidades que produzem a água, o oxigénio, a biodiversidade da qual dependemos para produzir alimentos, medicamentos e obter recursos.
 O meio ambiente deixou de ser tudo o que existe, para ser o que existe em torno de nos, como se fosse uma espécie de armazém de recursos inesgotável para atender às nossas necessidades. Necessidades que deixaram de ser apenas físicas, como comer, morar, vestir, mas também espirituais, como a de demonstrar afecto através da troca de presentes materiais, de obter reconhecimento social e se sentir pertencendo a uma sociedade através da exibição de objectos de consumo. O resultado foi uma sociedade que não só super explora a natureza, mas que também super explora seus próprios semelhantes, pois para que uns possam acumular demais outros precisam acumular de menos.
 E por que tudo isso? Enquanto as demais espécies submetem-se aos seus destinos, nos angustiamos na busca de respostas, e quando estas não existem, criamos nós próprios utopias e visões de mundo que dê sentido a este mundo reinventado. Qual é o propósito de nossa espécie? 
Para que estamos aqui? De onde viemos? Para onde vamos? Por que sofremos com terremotos, vulcões, tsunamis, secas, enchentes, furacões, fome, SIDA, epidemias, etc.? Cometemos algum pecado pelo qual estamos sendo punidos agora? Teremos tempo de evitar um colapso ambiental global? Continuaremos existindo enquanto espécie ou já estamos em declínio rumo à extinção? 
Alguns se satisfazem com a ideia de deuses e diabos voluntariosos nos manipulando, outros se amparam na ideia de que somos filhos e filhas de seres de outros planetas que nos visitaram no passado e que alguns acreditam que ainda estão entre nós. Outros acreditam que surgimos do caos e do acaso, não importa, ninguém saberá a verdade final mesmo e, neste particular, qualquer ideia serve, desde que tenha significado e nos permita viver em paz connosco mesmo e com os outros, que nos anime a querer serem pessoas melhores e lutar para termos um mundo melhor.
O facto concreto é que nenhum de nós escapará vivo do Planeta que, ao contrário de nos pertencer, nós é que pertencemos a ele e o compartilhamos com todas as outras espécies. Ou nos reinventamos, imaginando outro jeito de estar no Planeta, ou corremos risco de desaparecer antes do tempo. Uma coisa é certa, o Planeta começou sem nós, e acabará sem nós. A questão que importa não é quando acontecerá o fim, mas o que posso fazer, aqui e agora, enquanto tenho vida e saúde para abreviar este fim e aproveitar este presente que todos os dias o Planeta nos proporciona, o de viver. E a vida é bem curta.

* Vilmar Sidnei Demamam Berna é escritor e jornalista, fundou a REBIA - Rede Brasileira de Informação Ambiental (www.rebia.org.br ) e edita deste janeiro de 1996 a Revista do Meio Ambiente (que substituiu o Jornal do Meio Ambiente) e o Portal do Meio Ambiente ( www.portaldomeioambiente.org.br  ). Em 1999, recebeu no Japão o Prêmio Global 500 da ONU Para o Meio Ambiente

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Rotular e engessar o conceito da sustentabilidade é um desrespeito à busca pelo desenvolvimento sustentável.
1205 300x211 Nem direita, nem esquerda, muito pelo contrário!*

Fukushima eleva reação negativa à energia nuclear

1235 Fukushima eleva reação negativa à energia nuclear
A ideia de um plebiscito sobre energia nuclear cresce em vários países. Esta é uma questão de interesse público e segurança colectiva. Tipicamente uma questão que deveria mesmo ser submetida a consulta popular.

sábado, 9 de abril de 2011

AMBIENTE, EDUCAR É PRECISO

Tudo que produzimos, consumimos e usamos, exploramos dos recursos naturais do Planeta — A Terra é uma imensa nave, uma jóia única e rara no Universo, mas, é um sistema fechado —, com exceção da energia solar que é abundante e vem de fora, tudo o resto, significa degradação e perdas para o frágil sistema de vida aqui existente. Este princípio básico e elementar deveria ser o ponto de partida para mudarmos o pensamento das futuras gerações, através da Escola.
No entanto, o sistema de passagem de conhecimentos sócio-ambientais praticado na grande maioria das Escolas é incipiente, fraco e permissivo a ponto de nos levar a compará-lo aos períodos negros da história do homem em que a falta de conhecimento e discernimento eram garantia de longos e tranquilos reinados e impérios. Hoje, temos a dominar-nos, o Império da ganância, do conforto e do desperdício para poucos, o Império da miséria, da fome e da sede para a grande maioria e o aquecimento global e o desequilíbrio ambiental para todos.